quarta-feira, 26 de março de 2008

Para Robinho, Rafinha e Lúcio

A edição de 1958 da Copa do Mundo marcou a sexta participação da Seleção Brasileira de Futebol nessa competição. Era o único país a participar de todas as edições do torneio da FIFA, fato que persiste até a última edição realizada da Copa, em 2006. O Brasil chegava pela segunda vez em uma final e enfrentaria a anfitriã, Suécia.

Nas eliminatórias, o Brasil passou um sufoco para bater o Peru numa eliminatória onde também foi beneficiado pela desistência da Venezuela. 1x1 em Lima e 1x0 no MAracanã, golaço de Didi - a famosa folha seca - numa cobrança de falta no Maracanã quando já eram decorridos mais de 30 minutos do 2o. tempo.

Curiosamente essa foi a primeira copa onde foi convocado pelo menos 1 jogador de cada um dos que viriam a ser os 8 grandes clubes do eixo Rio-São Paulo (na época outros times além destes eram também considerados grandes).

Nas 35 partidas do Mundial da Suécia, foram marcados 126 gols, média de 3,6 por duelo. A média de público foi de 24.800 torcedores por partida, num total de 868 mil espectadores que os estádios suecos receberam durante a competição.

O esquema tático inovador de Feola fazia com que Zagallo, imaginem, atacasse. Mas ele também recuava para marcar no meio-campo, dando origem ao 4-3-3. Com isso, o Brasil mostrou a mais sólida defesa do Mundial (quatro gols sofridos, ao lado do País de Gales). Na frente, o trio Pelé-Garrincha-Vavá, esse último do Vasco, fez história.

O Brasil ficou no Grupo 4, ao lado de Áustria, Inglaterra e União Soviética. A seleção brasileira estreou com uma vitória por 3 a 0 sobre a Áustria. Na partida seguinte, contra a Inglaterra, não passou de um empate em 0 a 0.

Após o primeiro empate sem gols da história da Copa do Mundo, entre as seleções do Brasil e da Inglaterra, na primeira fase, os jogadores ficaram sem saber o que fazer em campo. Alguns acharam que o juiz daria uma prorrogação. Tal empate, aliás foi histórico para a seleção brasileira: apesar de muitos jogadores já terem negado, a entrada de Pelé e Garrincha no time em 1958 foi uma imposição dos próprios jogadores. O lateral Nílton Santos liderou o grupo e falou com técnico Feola e o time deslanchou. Dizem que o Zagallo foi contra porque o time ficaria muito ofensivo e bastava ganhar de meio a zero...

Na última rodada, os brasileiros venceram a União Soviética por 2 a 0 e garantiram a classificação à próxima fase.

Nas quartas-de-final, o Brasil sofreu para eliminar o País de Gales por 1 a 0, com um golaço de Pelé. Pelé usou a camisa 10 em 1958 por acaso. A CBD deixou de enviar para os organizadores a numeração. Quando chegou à Suécia, recebeu a lista com numeração feita por eles. O goleiro Gilmar jogou com o número 3. E Pelé, por sorte, recebeu a 10.

Maior jogador de todos os tempos, Pelé entrou no time no terceiro jogo brasileiro na Copa, contra a União Soviética. Foi dele o gol solitário na vitória contra o País de Gales, nas quartas-de-final. No jogo seguinte, contra a França, Pelé voltou a ser decisivo e marcou três vezes na goleada por 5 a 2. Na final, contra a Suécia, não se intimidou e fez mais dois, em nova goleada por 5 a 2. A imagem de Pelé chorando, após o fim do jogo, é até hoje um dos momentos mais marcantes da história dos Mundiais.

O adversário nas semifinais foi a seleção francesa, que contava com o artilheiro Just Fontaine. Os brasileiros tiveram uma atuação perfeita e venceram o rival por 5 a 2. Naquela época, quando o Zidane não jogava, o time não amarelava e ganhar da França era moleza...

Na final, a seleção do técnico Vicente Feola teve pela frente os donos da casa. O Brasil perdeu o sorteio para a Suécia, que ficou com direito de jogar de camisa amarela. O problema é que o Brasil só tinha camisas amarelas. Foi preciso comprar um jogo de camisas azuis e bordar números e o escudo da CBD.

Os suecos até começaram bem, fazendo 1 a 0. O Brasil, no entanto, não se intimidou e chegou com tranqüilidade ao placar de 5 a 2. Com um elenco fabuloso, o Brasil conquistou o título com justiça. Na decisão do terceiro e quarto lugares, a França bateu a Alemanha Oc. por 6 a 3. Brasil e França foram as seleções que mais empolgaram o torcedor.

Reza a lenda também que ao final do campeonato, Garrincha não comemorou tanto e ficou perguntando quando seria o returno...

A taça Jules Rimet, é claro, foi levantada por um vascaíno, Hideraldo Bellini.



Hoje Brasil e Suécia entram em campo na Inglaterra para comemorar essa efeméride. Infelizmente, fico envergonhado de nossa seleção trazer ao campo atletas como Lúcio, Robinho e Rafinha que na 2a. feira, ao se apresentar em Londres, declararam não saber o motivo do amistoso. Robinho, ao ser lembrado pelos repórteres, declarou que não lembrava por que não era vivo na época... patético !!!

Como eles não lembram, deixo aqui o site especial da Rádio Nacional, do Rio Janeiro, que trouxe aos brasileiros as emoções daquela conquista: http://www.radionacional.am.br/wordpress/ . Estão disponíveis para ser assistidos alguns vídeos da Copa, uma bela galeria de fotos e para download, a narração na íntegra da partida final. Lúcio, Robinho e Rafinha deveriam passar por lá e conhecer essa bela página da história do futebol mundial...

http://6858kmdefutebol.blogspot.com/

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