terça-feira, 25 de março de 2008

15 ANOS SEM DINAMITE NOS CAMPOS

Tenho procurados motivos no presente para postar sobre o Vasco mas um time como o de ontem me faz cada vez mais ter saudades de ídolos do passado.


Foram 708 gols em 1108 jogos com a camisa do Vasco. Muitos dos quais eu ouvi pessoalmente pelo rádio quando era pequeno. Outros tantos foram vistos pela TV. E muitos deles me alegraram imensamente pela TV. Ao vivo, no estádio, eu vi um deles. Foi em 1992 já na sua turnê de despedida, que passou pelo estádio Rei Pelé, em Maceió-AL, num 3x1 contra o CRB-AL.

Pouco depois daquele dia, há 15 anos, Roberto Dinamite, maior ídolo do Vasco, fazia sua despedida. Ele é o maior artilheiro vascaíno da história. Ainda permanece como um dos maiores ídolos da torcida cruzmaltina em todos os tempos. Carlos Roberto de Oliveira, ou simplesmente Roberto Dinamite, que surgiu tão somente como ‘Garoto-Dinamite’, aos 17 anos, depois que com um tirambaço estufou as redes do Internacional de Porto Alegre no longínquo ano de 1971, é um jogador que mistura sua própria história com a do Club de Regatas Vasco da Gama. Pelo menos foi assim para milhões de apaixonados pelo Gigante da Colina durante mais de duas décadas. Nessas vinte e duas temporadas em que atuou profissionalmente, apenas em 1991 não vestiu a camisa do clube que o lançou no futebol.

Roberto Dinamite, nascido em Duque de Caxias, chegou em São Januário ainda juvenil (categoria hoje similar aos juniores), um ano antes de estrear na equipe principal. O menino alto, ainda franzino e desajeitado, proveniente dos campos de várzea, começava então uma trajetória grandiosa e excepcional que jamais se poderia imaginar dentro de um dos maiores clubes de futebol do planeta. Sua relação de amor com o Vasco não se traduz em palavras, mas sim na emoção das inúmeras lembranças de gols e mais gols que ele fez, de suas arrancadas, de suas cabeçadas, de seus petardos, de suas cobranças magistrais de falta, de sua categoria ao cobrar pênaltis, de sua liderança, de sua gana, de seu respeito ao envergar o uniforme do Vasco da Gama.

Quando exatamente às 21h09min ele adentrou o gramado do estádio do Maracanã, seu palco preferido e onde marcou o gol que ele considera como o mais belo em sua longa carreira (Vasco 2x1 Botafogo, em 9/5/1976), ao dar um balão pra cima de Osmar e um voleio maravilhoso na entrada da pequena área, ele faria a sua despedida oficial dos campos de futebol. Mesmo febril, ele prometera ficar até o 30º minuto da etapa final, momento em que seria substituído e homenageado. Seus grandes amigos no mundo da bola compareceram à festa. Ainda na preliminar, veteranos do Vasco bateram por 3 a 1 os veteranos do Flamengo, com três gols de Dé, um de seus parceiros prediletos. No jogo principal diante do La Coruña de Bebeto (outro ex-companheiro seu de ataque), o piloto Nelson Piquet teve a honra de dar o pontapé inicial. Zico, ídolo maior da torcida rubro-negra, concordou em atuar um tempo com a camisa do seu maior rival, mostrando que amizade dos dois estava acima de qualquer rivalidade clubística. O Galinho veio do Japão exclusivamente para a partida.

A torcida vascaína teve um comportamento elegante, porém curioso, no evento. Quando o nome de Zico foi anunciado pelo sistema de alto-falantes do estádio, um breve momento de hesitação tomou conta da galera, ao fim do qual calorosos aplausos foram ouvidos. O mesmo fenômeno se deu após o gol de Bebeto, primeiro da vitória por 2 a 0 do time espanhol. Um curto instante de hesitação e, logo a seguir, aplausos, sendo que alguns torcedores arriscaram gritos de "ê, ô, ê, ô, o Bebeto é um terror", muito cantados na época em que o atacante ainda jogava pelo Vasco.

Durante a partida, e antes da abertura do placar pelo time espanhol, Roberto deixou William em ótimas condições de marcar, mas o chute foi na trave. Já no segundo tempo, em desvantagem no marcador (gol de Bebeto, que em respeito à torcida vascaína não comemorou o tento), Dinamite teve uma falta “daquelas” para empatar a partida. Mas o tiro passou perto. E aos 33 minutos do segundo tempo, o ídolo deixava o campo, iniciando uma emocionante volta olímpica ao lado de trezentas crianças. Não deu para segurar as lágrimas. Era o fim da linha para Roberto Dinamite. Mas seu lugar no coração da imensa galera cruzmaltina está eternizado.

ARTILHARIAS
Campeonato Estadual (Juvenil) 1971
Campeonato Estadual 1978-81-85
Campeonato Brasileiro 1974-84

Maior artilheiro da História do:
Campeonato Brasileiro (1971-1992) 190 gols
Campeonato Estadual RJ (1972-1992) 279 gols
Futebol Carioca (1971-1993) 708 gols

Pra deixar os vascaínos com mais água na boca ainda, deixo aqui o vídeo da atuação mais histórica de Roberto, logo no jogo da volta dele após 5 meses no Barcelona (Espanha). O placar do jogo foi Dinamite 5x2 Corinthians.



http://6858kmdefutebol.blogspot.com/

Nenhum comentário: