sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A rainha vs. A imperatriz


Considerada a melhor jogdora do mundo por três anos consecutivos (2007, 2008 e 2009), Marta desembarcou hoje, por volta das 17h, na capital federal. Defendendo o Santos Futebol Clube, a atacante enfrenta amanhã, às 20h30, no Bezerrão, o time do Cresspom, da ex-nadadora Rebeca Gusmão.

A partida será a estreia da jogadora na terceira edição da Copa do Brasil. No aeroporto, Marta confessou que ainda sente um frio na barriga quando entra em campo. "Tem muito tempo que não jogo no Brasil. Vai começar uma nova jornada rumo aos nossos objetivos, que é ser campeão da Libertadores e da Copa do Brasil", afirmou.

Sem temer o time do Cresspom, mas também sem menosprezar as jogadoras candangas, Marta acredita que o jogo de hoje vai ser bem disputado: "Vamos jogar procurando fazer o nosso papel. Imagino que a equipe adversária vai fazer de tudo para ganhar do Santos, que é um time de futebol feminino tradicional no país."

No Cresspom-DF (Clube Recreativo Esportivo Subtenentes Sargentos-PMDF), além de Rebeca, atuam uma zagueira da seleção da Africa do Sul, jogadoras da NCAA dos EUA, jogadora da seleção sub-20 do Brasil, jogadoras que já passaram por times profissionais.

"O futebol feminino agora tem uma imperatriz, sou eu". A autoproclamação é da atleta Rebeca Gusmão, comparando-se ao centroavante Adriano, apelidado de "imperador" no futebol italiano. Banida das piscinas pela Federação Internacional de Natação (Fina), depois de ter suas medalhas do Pan-Americano do Rio cassadas, sob acusação de doping.

Sobre suas potencialidades, ela é otimista. "Na parte técnica, já peguei muita coisa, principalmente jogo de corpo", afirmou. "Aliás, jogo de corpo é o que não me falta", disse ela, entre risos, numa referência ao seu corpanzil, maior agora que está fora de forma, de 84 quilos distribuídos em 1m85 de altura. "Adversários, tremei!", avisou.

Filha de jogador profissional - o pai, Ajalmar, jogava no Náutico de Recife, na década de 70 -, Rebeca diz que desde cedo pegou intimidade com a bola. "Mas meu xodó mesmo era a piscina", lembra, explicando que a paixão virou obsessão quando tinha 10 anos, época em que o nadador Xuxa, seu ídolo, despontou como grande nome das piscinas.

O namoro com o futebol feminino ganhou contornos em 2003, nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, quando Rebeca conheceu a seleção brasileira, medalha de ouro na competição.

Ela ficou amiga das jogadoras Formiga e Faísca. "Brincava de queimada e jogava peladas com elas nas horas de folga como crianças", conta a ex-nadadora. Hoje no quinto período de educação física no Centro de Ensino Unificado de Brasília (Uniceub), Rebeca diz que não teve sossego até aderir a um novo esporte. Por razões óbvias, evitou natação, mas não resistiu ao futebol e passou a freqüentar as modalidades de campo e salão, até ser descoberta pela Ascoop (ela foi centroavante na Associação Atlética Esportiva e Recreativa dos Cooperados do Distrito Federal).

Seus ídolos masculinos: Ronaldinho gaúcho e, claro, Adriano, a quem aprendeu a admirar pelas inevitáveis comparações. "Gosto disso, ele também é forte e lutador".

Rebeca está consciente de que pode ser banida para sempre do esporte, mas diz ter recebido sinalização das entidades esportivas de que, caso confirmada, a punição, embora inapelável, valerá somente para a natação.

"Essa palavra (banimento) não existe no meu dicionário", disse ela, alegando que sua vida é o esporte. "Não me vejo fazendo outra coisa, ou atleta ou treinadora", afirmou. "Se me derem uma bola de vôlei, sei fazer um saque. Se a bola for de basquete, faço uma cesta. Se for de futebol, é gol", disse.

Rebeca está casada há dois anos com o cantor de ópera Gutemberg Amaral, com quem diz ter uma vida feliz. "Ele é o maior entusiasta da minha carreira e sempre tem me apoiado nessa transição difícil", conta. "Ele não perde uma partida, grita e vibra a cada jogada que faço no futebol".




Lunático
6858km de futebol
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