Os jogos da Era Dunga
Veja.com - Dunga: 'Acho que está bom, mas sempre queremos mais'
Por Silvio Nascimento
Às vésperas de completar três anos à frente da seleção brasileira - ele foi "empossado" em julho de 2006 -, o técnico Dunga vai defender um retrospecto bem razoável no mês de junho: no dia 6 joga contra o Uruguai, em Montevidéu, e no dia 10 o Brasil recebe a seleção paraguaia em Recife, partidas válidas pelas eliminatórias da Copa da África do Sul no ano que vem. O Paraguai é o líder da região, com 24 pontos, e o Brasil está em segundo, com 21, em 12 jogos (cinco vitórias, seis empates e uma derrota). Tem ainda 19 gols marcados e levou apenas cinco.
No dia 21 de maio, Dunga faz não só a convocação para os dois jogos das eliminatórias mas também para defender o título da Copa das Confederações, na África do Sul, a partir do dia 14 de junho. Na primeira fase, o Brasil enfrenta o Egito (dia 15), Estados Unidos (dia 18) e Itália (dia 21). Adriano não deve estar na lista, "se não estiver treinando não dá", disse Dunga - antes de o atacante ser anunciado no Flamengo na quinta-feira -, e a expectativa fica para o retorno do campeão paulista Ronaldo à seleção, que não veste a camisa nacional desde a eliminação nas quartas-de-final da Copa de 2006 pela França de Thierry Henry, autor do único gol da partida.
Dunga acompanhou a partida final do Paulista no Pacaembu, e na quinta-feira, em evento na CBF no Rio de Janeiro, disse que "estamos observando; é a primeira vez, desde 2006, que o Ronaldo tem uma sequência boa de dez jogos. A tendência é só melhorar". Por enquanto, diz que o balanço do trabalho na seleção, "dentro da nossa realidade", é muito bom. Afinal, o Brasil foi campeão da Copa América em 2007, medalha de bronze na Olimpíada de Pequim em 2008 e está bem na tabela das eliminatórias. Falando por telefone, Dunga deu esta entrevista a VEJA.com, na semana em que iria acompanhar dois jogos do campeonato italiano e conferir as atuações de Julio Cesar, Kaká e Ronaldinho Gaúcho entre outros.
Como você analisa estes três anos na seleção?
Bom, vou deixar a análise para os críticos (risos). O que posso dizer é que considero o trabalho muito positivo até agora (são 38 jogos entre amistosos e oficiais, com 24 vitórias, dez empates e apenas quatro derrotas). Fomos campeões da Copa América, conseguimos uma medalha olímpica (bronze em 2008 em Pequim) e estamos em segundo nas eliminatórias. Acho que é um bom retrospecto.
Qual foi o seu pior momento na seleção até agora?
O pior mesmo foi contra o Paraguai (derrota por 2 x 0 em junho de 2008 pelas eliminatórias) e também contra a Argentina (também em junho do ano passado, empate em 0 x 0). Os jogadores estavam em início de preparação, voltando de férias, enfim, foi um momento difícil.
E o melhor?
Bom, esse sempre é o desafio, Acho que está bom, mas sempre queremos mais. A equipe vai crescer, já colocamos uma forma de trabalho, todos já conhecem, mas sei que sempre haverá polêmicas e estava preparado para isso.
Você acha que recebe críticas demais?
Não é esta a questão. Em geral não muda muito porque quem fica exposto é o treinador e não a pessoa, mas a figura que representa. Foi assim com o Carlos Alberto Parreira, com o Zagallo, com o Luiz Felipe Scolari - até mesmo quando ele foi campeão em 2002, muita gente o criticou. Dá para imaginar isso? Campeão do mundo, o melhor ataque, o artilheiro, e ainda teve gente que o criticou. Então a figura do treinador sempre vai ser criticada, não tem jeito.
E como é a relação com os jogadores?
Muito boa. Nunca tivemos qualquer problema. Os jogadores se comportam bem, o clima é ótimo e sinto que todos respondem às convocações com muita vontade de jogar. Afinal muitos saem de rodadas difíceis em seus times, entram no avião, viajam quase 15 horas, chegam e vão direto treinar. E ainda ficam longe dos amigos, da família, não é fácil como pode parecer, exige muita determinação, vontade e principalmente a vontade de defender o país. Para muitos deles não é questão de dinheiro porque já estão com o futuro garantido.
Como vocês decidem sobre os convocados?
Aacompanhamos tudo o que podemos e já temos uma base. Quase nunca fica muita indefinição para a última hora. Recebemos informações das rodadas brasileiras, dos estaduais, e vamos acumulando as informações. Por isso quando nos reunimos não há mais dúvidas (enquanto Dunga esteve em São Paulo acompanhando Corinthians e Santos, Jorginho, seu segundo, estava no Maracanã na decisão do Rio, entre Flamengo e Botafogo).
Esta base pode ter mudanças?
Contamos com jogadores que às vezes podem não estar no seu melhor momento, mas são importantes dentro do grupo não só pela experiência mas também pela capacidade de superação. E podem ajudar muito num momento decisivo.
E jogadores como Afonso, por exemplo, vão continuar aparecendo nas convocações?
Bom, essas convocações fazem parte de um pedido expresso do presidente Ricardo Teixeira de garimpar jogadores por todos os cantos. Foi uma as coisas que ele me pediu. Além de seguir os campeonatos nacionais, também recebemos informações de vários países sobre os jogadores brasileiros.
O Adriano faz parte desta base de time que você mencionou?
Olha, ele está bem, e consciente das decisões que tomou e por isso devemos respeitar. Mas para ser convocado precisa estar em ritmo de competição. Se não estiver treinando é difícil ser convocado. (Adriano foi anunciado como reforço do Flamengo na quinta-feira, depois de Dunga dar a entrevista.)
Você está satisfeito com os resultados até agora?
Até agora tudo correu dentro do planejado. O que acredito é que dentro da realidade que temos, de jogadores, dificuldades de convocação (isso incluídas contusões), creio que estamos bem.
Lunático
6858km de futebol
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